A transformação do Brasil na economia de assinaturas da América Latina

O Brasil construiu silenciosamente, ao longo dos últimos quatro anos, um dos sistemas de pagamento em tempo real de maior sucesso no mundo. Lançado no final de 2020 pelo Banco Central, o Pix permite pagamentos instantâneos e gratuitos entre pessoas e empresas. Hoje, mais de dois terços da população brasileira usam Pix regularmente, dizendo “me faz um Pix” em vez de “me paga”, e superando cartões de crédito e débito em volume de transações, de acordo com o Banco Central.

O Pix agora dá um passo significativo no espaço de pagamentos recorrentes com a chegada do Pix Automático, uma evolução importante que permite débitos recorrentes automáticos e pré-aprovados. Com base no sucesso do Pix, essa funcionalidade oferece uma experiência simplificada para serviços por assinatura e cobranças periódicas. Ela tem o potencial de transformar um meio de pagamento já confiável e eficiente em uma poderosa ferramenta para o comércio digital sustentável, servindo de exemplo para outros países da América Latina e além.

Um cenário de assinaturas em evolução

Conforme a economia brasileira se modernizou, cada vez mais empresas internacionais que dependem de serviços por assinatura entraram no país. Por exemplo, apenas os serviços de assinatura de caixas movimentam mais de US$ 170 milhões por ano. Até agora, os pagamentos recorrentes dependiam de processos manuais. Com apenas 40 % dos brasileiros possuindo cartão de crédito, as assinaturas precisavam ser pagas manualmente a cada mês, usando Pix ou Boleto Bancário.

O Pix Automático reflete a adaptabilidade e o sucesso do Pix em um ambiente com escassez de cartões. Trata-se de um passo natural como evolução tecnológica, trazendo automação, simplicidade e confiabilidade aos pagamentos recorrentes — tudo isso suportado pela forte confiança do consumidor no Pix.

Configure e esqueça

Pix Automático muda o cenário. Ele permite que os consumidores autorizem débitos recorrentes diretamente de suas contas bancárias ou carteiras digitais, eliminando a necessidade de cartões de crédito, escaneamentos repetidos de QR code ou lembretes mensais. O processo começa com um cadastro único, via QR code ou app, que serve apenas para autorizar cobranças futuras. Não há débito imediato nesta etapa; em vez disso, dá-se permissão para pagamentos recorrentes conforme termos definidos.

O resultado é uma experiência mais fluida e confiável, com controle do usuário por meio de opções de adesão e cancelamento. Para as empresas, os impactos são enormes: fluxo de caixa mais previsível, menor churn e maior valor de vida do cliente, especialmente relevante em um mercado que valoriza flexibilidade e simplicidade.

Agora, empresas que dependem de modelos de assinatura podem alcançar amplas camadas não bancarizadas ou sub-bancarizadas do Brasil — pessoas até então excluídas da economia digital por falta de acesso à bancarização tradicional. Neobancos como Nubank (com mais de 104 milhões de clientes na América Latina) e Banco Inter (30 milhões de clientes no Brasil) oferecem alternativas simples e acessíveis. Carteiras digitais como PicPay e Mercado Pago também são amplamente usadas, ajudando milhões a gerenciar seu dinheiro e realizar pagamentos. Para esses consumidores, o Pix Automático vai além da conveniência: é inclusão.

Inovação local em escala

Bancos e fintechs estão prontos para se beneficiar. Além de assinaturas de mídia e conteúdo digital, o Pix Automático pode suportar usos recorrentes como prêmios de seguros, contas de serviços, academias e até mesmo microinvestimentos. Essa infraestrutura abre espaço para novos produtos financeiros simples, em tempo real e inclusivos por design.

Há crescente especulação de que o Pix Automático pode até substituir débitos diretos tradicionais no Brasil. Ao contrário dos modelos antigos, que eram lentos e restritos a bancos, o Pix Automático oferece liquidação imediata entre instituições.

Fortalecendo um sistema maduro

O Pix Automático não é um novo meio de pagamento alternativo no mercado brasileiro — é a continuidade da ousada liderança nacional em pagamentos digitais. O Pix já é o método mais usado, profundamente enraizado na vida de consumidores e empresas. O Pix Automático se baseia nessa maturidade, adicionando funcionalidades que tornam os pagamentos recorrentes mais fáceis, consistentes e alinhados ao comportamento do consumidor e às necessidades comerciais.

Para empresas que planejam crescer no Brasil, integrar o Pix Automático exigirá cooperação com processadores, atualização de fluxos de usuário e forte educação ao cliente. Mas o retorno é evidente: mais conversões, receita previsível e uma conexão mais profunda a uma das economias digitais mais inovadoras do mundo.

O Brasil já provou que a inovação financeira transformadora pode vir dos bancos centrais — não apenas das gigantes de tecnologia. O Pix Automático é o próximo capítulo dessa história, lembrando que o futuro do fintech pode ser escrito não só em código, mas em português.

Para um olhar mais aprofundado sobre o Pix Automático e seu papel nas assinaturas em evolução no Brasil, confira nosso webinar “The Future of Recurring Payments with Pix Automático”, apresentado pela equipe de Produto da dLocal.