América Latina: como os sistemas de pagamento em tempo real e móveis estão definindo um novo patamar
Sistemas de pagamentos em tempo real, inovação mobile-first e ecossistemas híbridos estão transformando a América Latina na região de pagamentos digitais que mais cresce no mundo.
O que você precisa saber
Com 638 milhões de habitantes, a América Latina vive um crescimento dinâmico em pagamentos digitais, a caminho de atingir um CAGR de 29% em pagamentos em tempo real até 2027.
Métodos de pagamento alternativos (APMs) devem superar os cartões em mercados-chave no próximo ano, liderados por soluções como o Pix (Brasil) e o Yape (Peru).
Sistemas de pagamentos em tempo real já operam por toda a região, com o Pix processando mais de 7 bilhões de transações por mês no Brasil.
Inovadores locais como Nequi, OXXO Pay e Yape estão transformando a forma como pessoas e empresas compram, vendem e interagem no dia a dia.
A adoção de cripto está disparando, tornando a América Latina o segundo mercado de cripto que mais cresce no mundo.
Este blog dá continuidade à nossa série com base no Emerging Markets Payments Handbook 2025 da dLocal.
Uma geração que está revolucionando como a América Latina paga
A transformação dos pagamentos na América Latina começa pelas pessoas. Com 80% dos 638 milhões de habitantes usando smartphones, os dispositivos móveis se tornaram a principal porta de entrada para o comércio digital. Aumento de renda e urbanização, maior acesso à internet e crescente alfabetização digital estão tornando carteiras digitais, pagamentos instantâneos e social commerce parte da rotina.
A força demográfica da região é incontestável. Uma população jovem e cada vez mais urbana está deixando de lado a infraestrutura bancária tradicional e adotando serviços financeiros mobile-first. Em mercados como Colômbia, Brasil e Peru, milhões estão fazendo seu primeiro pagamento digital via carteira digital ou transferência em tempo real — e não com cartão de crédito.
Esse movimento vai além da adoção de tecnologia. Representa uma mudança profunda na forma como os latino-americanos pensam sobre dinheiro, consumo e acesso financeiro. Onde bancos tradicionais tinham dificuldade de alcançar populações subatendidas, soluções nativas móveis estão abrindo novos caminhos para a participação na economia digital.
Os bastidores da transformação do e-commerce na LATAM
O e-commerce na região vive um crescimento sem precedentes, impulsionado por consumidores mobile-first e por uma infraestrutura de pagamentos aprimorada. Dos marketplaces digitais movimentados do México ao boom da economia de assinaturas no Brasil, comprar online se tornou um estilo de vida — não apenas uma conveniência.
Em países como Colômbia e Chile, os pagamentos digitais avançam rapidamente em setores onde velocidade e segurança são essenciais, como apps de mobilidade, streaming e varejo online. Embora o dinheiro ainda tenha seu papel em alguns mercados, os métodos digitais estão capturando participação de mercado de forma acelerada.
O que torna esse crescimento particularmente relevante é sua amplitude. Diferente de outras regiões onde o e-commerce se concentra nas grandes capitais, a expansão do comércio digital na América Latina alcança cidades médias e áreas suburbanas, impulsionada pela conectividade móvel e por opções de pagamento locais e relevantes.
Trilhos em tempo real: transformando as transações do dia a dia
Os sistemas de pagamentos em tempo real estão remodelando como o dinheiro circula pela América Latina. O Pix, no Brasil, lidera essa transformação, processando mais de 7 bilhões de transações por mês e redefinindo expectativas de velocidade. O SPEI, no México, o novo Bre-B, na Colômbia, e a infraestrutura de pagamentos instantâneos em expansão na Costa Rica estão estabelecendo um novo padrão para transferências instantâneas.
Esses sistemas não são apenas versões mais rápidas dos trilhos existentes — eles criam comportamentos totalmente novos. No Brasil, o Pix tornou transferências P2P tão simples quanto enviar uma mensagem de texto. Na Colômbia, os pagamentos em tempo real já apoiam o crescimento do comércio informal e as transações de pequenos negócios. Em toda a região, a liquidação instantânea está se tornando o padrão esperado.
O impacto vai além da conveniência. Trilhos em tempo real promovem inclusão financeira ao conectar usuários diretamente aos seus bancos via aplicativos móveis e QR Codes. Para milhões de latino-americanos com acesso limitado a serviços bancários tradicionais, esses sistemas representam sua primeira conexão confiável com a infraestrutura financeira formal.

Ecossistemas híbridos: cartões e APMs funcionando em conjunto
Uma característica marcante do cenário de pagamentos da América Latina é a cultura do parcelamento, grande motor por trás da ascensão de modelos híbridos. Diferente de outras regiões, onde métodos de pagamento competem por dominância, a América Latina desenvolve ecossistemas sofisticados nos quais cartões e métodos de pagamento alternativos (APMs) se complementam para atender necessidades diversas.
Cartões de crédito e débito mantêm uma força única na região — são amplamente aceitos para compras de maior valor, transações transfronteiriças e serviços por assinatura, e o parcelamento os torna essenciais. No entanto, o acesso ao crédito ainda é limitado para muitos consumidores e, mesmo entre os bancarizados, os limites costumam ser baixos. Essa lacuna abriu espaço para soluções de Compre Agora, Pague Depois (BNPL), que oferecem a acessibilidade do parcelamento sem depender de linhas de crédito tradicionais.
Para gastos do dia a dia, transferências P2P e pagamentos a pequenos comerciantes, APMs locais são cada vez mais preferidos. No México, o OXXO faz a ponte entre o offline e o online por meio de mais de 22 mil lojas de conveniência. No Peru, o Yape se tornou a escolha padrão de milhões para compras cotidianas.
Essa abordagem híbrida reflete o comportamento do consumidor latino-americano: pragmático, atento a valor e confortável em gerenciar dinheiro por múltiplos canais. As pessoas alternam com fluidez entre métodos de pagamento conforme o contexto, a aceitação do comerciante e a preferência pessoal.
Panorama regional: pagamentos moldando o crescimento da América Latina
Brasil: O grande motor de pagamentos da região, onde o Pix já superou os cartões de crédito em volume no e-commerce. A inovação regulatória continua impulsionando o crescimento fintech e a inclusão financeira.
México: Um mercado massivo em que o comércio tradicional baseado em dinheiro se digitaliza rapidamente. SPEI e OXXO ganham terreno, sustentados por maior aceitação entre os comerciantes. As remessas seguem como força-chave, com pagamentos transfronteiriços alimentando a demanda por transferências mais rápidas e baratas. Opções de BNPL como a Kueski também crescem, oferecendo mais flexibilidade.
Colômbia: Uma economia pronta para fintech, com forte apoio regulatório à inovação. Os 8 milhões de usuários do Nequi e a nova infraestrutura do Bre-B posicionam o país para uma rápida modernização dos pagamentos. Remessas também desempenham papel significativo.
Argentina: Apesar da volatilidade econômica, os pagamentos digitais prosperam. Carteiras digitais, como a popular MODO, respondem por mais da metade das transações de e-commerce, demonstrando resiliência e adaptação em condições desafiadoras.
Chile: Um mercado porta de entrada digitalmente maduro, com alta penetração bancária e crescente adoção de fintechs. Pagamentos em tempo real e carteiras digitais complementam a infraestrutura tradicional baseada em cartões.
Peru: Um ecossistema em transição, no qual carteiras digitais como o Yape ganham espaço sobre os cartões de débito tradicionais, apoiadas por iniciativas governamentais de inclusão financeira.
Apesar do rápido avanço dos pagamentos digitais e da inovação, o acesso permanece um desafio. Milhões ainda operam fora do sistema formal, lembrando como os APMs são centrais para fechar a lacuna de inclusão financeira e alcançar comunidades subatendidas.
Principais conclusões
O cenário de pagamentos na América Latina evolui rapidamente, definido por infraestrutura em tempo real, adoção mobile-first e ecossistemas híbridos.
Pagamentos em tempo real estão se tornando o novo padrão, com sistemas como Pix, Transferencias 3.0 e SPEI mudando as expectativas dos consumidores.
Métodos de pagamento alternativos devem superar cartões em mercados-chave até 2026, impulsionados pela adoção móvel e pela inovação local.
Ecossistemas híbridos, em que cartões e APMs se complementam, criam ambientes de pagamento ricos e diversos.
Inovadores locais como Nequi, OXXO Pay, Yape e MODO impulsionam a adoção do comércio digital entre diferentes perfis demográficos.
A adoção de cripto está acelerando, tornando a América Latina um mercado-chave para inovação em ativos digitais e transações transfronteiriças.
O que vem a seguir nesta série
No próximo capítulo da série, vamos explorar como diferentes países emergentes estão desenvolvendo identidades de pagamento próprias, com insights do Emerging Markets Payments Handbook 2025 da dLocal.
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